domingo, 29 de julho de 2007

DARFUR

http://ansumane.blogspot.com/2007/04/vergonha-do-darfur.htm

http://www.24hoursfordarfur.org/watch.php?videoname=John%20Edwards

Não silencie, faça algo pelo DARFUR

Darfur: o drama humano esquecido

Em apenas quatro anos, morreram no Darfur, vítimas da guerra, da fome ou da doença pelo menos 200 mil pessoas - os piores prognósticos apontam para 400 mil - na sua larga maioria civis indefesos.

Calcula-se que pelo menos 2,3 milhões de pessoas tenham sido obrigadas a deixar as suas casas e a procurar refúgio em campos onde estão totalmente dependentes das organizações humanitárias. Todos os dias morrem pessoas, a maior parte crianças, de todas as mais vulneráveis.

Apesar do Tribunal Penal Internacional ter declarado a existência de práticas de Crimes de Guerra e Crimes contra a Humanidade e da ONU ter reconhecido a existência de indícios de um Genocídio, a tragédia da província sudanesa do Darfur arrasta-se desde Fevereiro de 2003, debaixo dos olhos de uma comunidade internacional pouco consequente.

Os ataques às populações sucedem-se em redor dos próprios campos onde se concentram as populações deslocadas, não sendo garantida a sua segurança. As organizações de ajuda humanitária tem sido também alvos frequentes das milícias, que procuram paralisar a sua actuação, agravando ainda mais a situação de extrema debilidade de milhões de pessoas refugiadas.

Entretanto o sofrimento causado pelo conflito já ultrapassou as fronteiras do Sudão, com milhares de refugiados a fugirem para o Chade (gerando por sua vez um número de deslocados internos que ascende já a 200 mil) e para a República Centro-Africana, aonde continuam a ser perseguidos pelas milícias Janjauid.

A situação actual

A decisão da comunidade internacional do envio de uma força híbrida de Paz da ONU e da União Africana (UNAMID) para a região, tomada no passado dia 31 de Julho, muito embora tardia, vem finalmente trazer alguma esperança a estas populações.

A pressão da sociedade civil parece ser agora fundamental para conseguir a pronta articulação internacional e a mobilização dos meios humanos e materiais necessários ao rápido estabelecimento de um contigente que garanta a segurança na região.

Sabe-se que as milícias continuam a atacar e que cada dia de adiamento corresponde a muitas vidas que se perdem.

- Documentário "DARFUR: Chamamento à consciência"

- Reportagem SIC Notícias;

- Documentário sobre as crianças no Darfur (45 min)

Artigos relacionados:

- O genocídio silenciado, Franco Moretti/Além-Mar

- Uma grande tragédia, António Guterres/MissãoPress

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Massacre de Colua, no norte de Angola (1961)



















Orgãos genitais de um soldado português (foto Horácio Caio)

Nas declarações prestadas, em 5 de Outubro de 1962, no Posto Administrativo de Aldeia Viçosa, pelo bailundo Severino José que fora obrigado a acompanhar os terroristas desde o dia 15 de Março de 1901, encontram-se os seguintes trechos, absolutamente horrorosos:

"(...) Que do massacre de Cólua nada sabe além de cozinhamento dos quatro militares a quem cortaram os dedos e as "matubas" (testículos) pendurando-os nuns paus para secarem (ver foto) (...)"

"(...) O Bomboco e, sobretudo, o Simão Lucas organizaram autênticas cenas de canibalismo começando com os quatro soldados brancos agarrados no Cólua, obrigando os bailundos a cozinhá-los e a entrarem no festim. O pessoal de Quiguenga conseguiu agarrar um sargento que fugira do Cólua e cozinhou-o, tendo o mesmo sargento que era gordo dado muito azeite e carne (sic). O soldado morto há poucos meses atrás foi levado para o Cólua e igualmente cozinhado, tendo o declarante participado no festim, tal e qual como os outros bailundos, pois que os que se negavam a isso eram mortos e igualmente comidos, tendo o declarante assistido à morte de pelo menos vinte e cinco bailundos e que o declarante teve igualmente de comparticipar. Desde a primeira hora todos os que morreram, quer brancos, quer bailundos, quer naturais da terra, foram comidos e jamais se procedeu ao seu enterramento, pelo menos no que diz respeito ao Cauanga-Cólua-Quinguenga, embora saiba, por ouvir dizer, nas outras partes se faz a mesma coisa.http://pissarro.home.sapo.pt/


Atrocidades cometidas pela FNLA/Angola (1961)





















































Atrocidades da guerra colonial

Será possível esquecer
Estas fotografias chocam mesmo. Pela violência e pela crueldade dos assassínios - cometidos em 1961 pelos membros da UPA. Pela forma serena e quase sorridente com que os nossos soldados se deixaram fotografar frente a cabeças espetadas em paus ou corpos esventrados - com o mesmo ar com que posam para a fotografia de fim de curso.
Mas esta foi a realidade dos anos 60 em Angola. Compreenda-la é perceber melhor o que foi aquela guerra e não deixar esquecer aquilo que as guerras, sejam elas quais forem, fazem aos homens.
As fotografias que aqui mostramos nunca foram publicadas porque a censura nao deixou. Os horrores e violações flagrantes dos mais básicos direitos Humanos passaram-se no norte de Angola. São imagens da violência da guerra e, sobretudo, do terrorismo da guerra - na Fazenda Tabi, os membros da União dos Povos de Angola (UPA) liderada por Holden Roberto, mataram os administradores brancos a golpes de catana, e na Fazenda Cassoneca esventraram um soba (chefe de uma tribo) e mataram toda a sua família, porque se recusou a deixar de trabalhar para os brancos. Os negros que trabalhavam nas fazendas de café administradas por portugueses - um objectivo “militar” a atingir porque destruir a economia é uma das formas de vencer a guerra - e que eram identificados por usarem uma fita colorida á volta da cabeça, eram decapitados e as suas cabeças espetadas em paus.
Além de trabalharem para os brancos, os negros assassinados pertenciam a outras etnias. Eram originários do Sul de Angola e tinham sido trazidos propositadamente pelos colonizadores que os julgavam mais dóceis e facilmente domináveis do que os naturais do Norte.
Os soldados portugueses foram chamados a proteger estas áreas e era nessa função que aqui se encontravam. A sua expressão impassível revela bem que assistir a massacres deste tipo, contra civis, se tornou facilmente um hábito.
Numa guerra de guerrilha toda a população é o “inimigo”. E as tropas portuguesas não demoraram muito a utilizar os mesmos métodos, instigadas pelo treino que, depois, passaram a receber antes de embarcarem. Da preparação para a guerra constavam ainda slogans de conteúdo racista, que apresentavam indiscriminadamente, o “preto” como inimigo, música e canções guerreiras.
Estas histórias e as dos massacres cometidos pelas tropas portuguesas estão registadas em fotografias e filmes que estão na posse das chefias militares e de ex-combatentes da guerra colonial. Mas em Portugal, os poderes político e militar e a sociedade, de uma maneira geral, têm evitado discutir esta página negra do vida do país.
A APOIAR (Associação de Apoio aos ex-Combatentes Vítimas de Stress de Guerra) prepara-se para mandar a primeira pedra. Em Abril foi inaugurada uma exposição com material “tirado do baú”.
A violência alimenta a violência e é disso que são feitas as guerras.
Ao ver estas fotografias não é difícil perceber como funciona este ciclo de ódio.
In Notícias Magazine, diário Notícias 17 de Março de 1996

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Colocado por Victor Nogueira @ Segunda-feira, Julho 02, 2007

"A 13 de Abril, o Úcua, a pouco mais de uma centena de quilómetros da capital, sofre um assalto de terrível ferocidade. Mais vidas sacrificadas a uma sanha sanguinária, violenta de ódio habilmente cultivado, como se essa fosse a recompensa devida a muitos colonos que dedicaram uma vida inteira a melhorar a situação dos nativos (...). Numa das suas habituais visitas à Fazenda Luzia, uns dias antes dos acontecimentos em Luanda, um velho servidor seu avisara-o de que "não dormisse despido pois que nas sanzalas andava tudo muito mal, mas que nada dissesse para que os companheiros o não matassem". Acácio Cunha não dera ouvidos ao velho pois, como os demais, não acreditava que a paz e a franca convivência de anos fossem destruídas sem qualquer razão. No entanto, agora que o inacreditável aconteceu, graças à diligência daquele colono, as autoridades empreenderam uma rusga à região. Uns 640 bailundos, armados de catanas e paus, trabalhadores da fazenda, colaboraram na rusga, auxiliando o pelotão militar e os 20 civis da fazenda, armados. Dois dias depois da tropa regressar a Caxito, terminada a rusga, uma horda de bandidos assaltava o Úcua (...).
in
.http://pissarro.home.sapo.pt/

quarta-feira, 25 de julho de 2007

GUERRA EM ANGOLA


Às estrelas
Vou falar das crianças famintas
E gritar quantas
De entre elas
Morrem de fome
Antes mesmo de terem um nome

Décio B. Mateus
In A Fúria do Mar







Dia Internacional da Criança
feriado na Banda Ngola.
Festejam-se os meninos-musseques
rotos esfarrapados de vácuos na barriga
louca inchada de sopros esfomeados.
Celebram-se os meninos-musseques com sóis
Assassinados no olhar
Como ontem, quando o vento Leste soprando
trazia no ventre a revolta a esperança
a indignação e a promessa...
A PROMESSA rubra-negra do vento
amanhecida na manhã de Fevereiro
e jurada na madrugada rubra de Novembro.



Promessa, hoje, falhada perdida no trilho-vento
e arrepiada nos olhos tristes dos meninos-musseques
pata rapada sem eira nem beira
minguados de amor carentes de esperança.
Meninos-musseques vendo cair a chuva
sobre as chapas negras das cubatas,
brincando nas lamas dos esgotos e lixeiras
como antigamente o neto da Ximinha
chapinhando brincando contente e nu
como se alguém fosse brincar contente
sobre a tuji lamacenta malcheirosa lixeirenta
invadindo os becos fedorentos dos musseques.


E chegando de charuto na boca em fatos gordos
engomados, os senhores globais vêm dizendo:
Ah! Mas não tenham pena destes moleques negros
porque o sol brilha e o clima tropical-paraíso aquece
e por isso andam rotos descalços esfarrapados...
Olhai olhai as belas barrigas inchadas das meninas,
crianças ainda e já grávidas, gente promíscua
esta gente este povo de musseque, olhai as orgias
bebedeiras e sexualmente lascivos pecaminosos...


Só nós vemos as barrigas das meninas parindo fartura de fome
e os Meninos-musseques nutridos de um vazio infame e doente
corroendo alma e estômago fome que não sentes e não vês.
A fome a doença as cubatas de chapa e vejam como eles ainda
sabem rir brincar sorrir... e morrer neste mundo-musseque
fétido imundo podre alienado de tanta promessa assassinada.
No entanto, ao largo e ao perto sob a beleza do céu
tropical, jorram do mar e das praias caluandacabindasoyo
farturas negras negras de petróleos
homenageando tua pele negra, negra como a noite
concentrada na brutalidade dos musseques das belas Luandas
proliferando nesta nossa Angola linda.

Os cobiçados diamantes da Lunda brilham fortunas
e corrupções que não cobrem a nudez negra de tua pele
e não acariciam de brilho os teus olhos
espelhos hialinos feitos para desejar o mundo...
petróleos diamantes e todas as outras muitas riquezas
desta terra de Angola linda não chegam ou não chovem
suave de mansinho sobre os meninos-musseques
cobrindo assim tua nudez
saciando assim tua barriga inchada
curando assim tua dor-doença
matando assim tua ignorância....


Ah! Meninosninas negros negros dos musseques negros
Abarrotados de negros fétidos brutos matumbos ignaros
Como ontem nos antigamentes da vida ignaros...
Onde estão onde foram as PROMESSAS
promessas feitas na manhã de Fevereiro
e juradas na madrugada rubra de Novembro?


Ah! Meninosninas monas candengues musseques
aprisionados num futuro agonizado tresmalhado
Vós sois o futuro criminal das ruas
Vós sois o futuro kitata dos becos e esquinas
Vós sois o sol de um futuro sonhado e assassinado
Vós sois ainda os monangambas lavadeiras serviçais
turba proletária pretos matumbos, ontem e hoje,
reprimidos para além dos asfaltos da vida
do mesmo asfalto antigo e feito presente hoje mesmo.
Onde estão onde foram as PROMESSAS
promessas feitas na manhã de Fevereiro
e juradas na madrugada rubra de Novembro?


E o Sol, astro de liberdade, vem acariciar tua pele
neste e todos os dias que deviam ser teus e não são
meninosninas do musseque e só ele sabe:
Vós sois o amanhã transbordando revoluções
sobre as ruas-praças-avenidas conjugando as promessas
feitas e não cumpridas neste komba canção de musseque

Namibiano Ferreira – 31/05/2007
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imagens que correram mundo